segunda-feira, 3 de setembro de 2012

PJU - Encontro com a cineasta Mara Mourão

O segundo encontro oriundo da parceria entre o CENPEC e o Centro Ruth Cardoso permitiu que nós, educadores do Programa Jovens Urbanos, fôssemos convidados para a exibição do filme Quem Se Importa, título recém-lançado de Mara Mourão, seguido de um rápido bate-papo com a mesma. O evento aconteceu na última sexta-feira, dia 30, na bonita e acolhedora sede do Centro (rua Pamplona, 1005).
Diretora das ficções Alô (1998), Avassaladoras - cinema (2002) e tv (2006) - e do documentário Doutores da Alegria (2005), Mara discorreu para a plateia um pouco dos processos que envolvem o fazer cinematográfico no mainstream - sempre rico em curiosidades - e sua posterior guinada em direção à produção de conteúdos que abordem a cidadania e a sustentabilidade, entre outros temas urgentes.
Sua obra Quem Se Importa nasceu, segundo ela, do desmembramento natural após fazer o Doutores da Alegria, sua primeira incursão pelo mundo da não-ficção. "Foi no Doutores que percebi o poder transformador do cinema", nos disse ela, lembrando o quanto foi difícil arregimentar patrocinadores para a produção de Quem Se Importa, mas que conseguiu finalizá-lo com 13 apoiadores. "A obra já foi exibida em Harvard e em Columbia", comentou ela, que agora batalha o financiamento de 20 mil cópias em dvd para doação às escolas públicas de todo o Brasil.
Mas, afinal, o que torna essa empreitada tão peculiar? Por que seria tão importante levar este filme aos rincões mais inóspitos do país, talvez do mundo? Qual o elã que circundeia Quem Se Importa?
A obra de Mara Mourão é um portentoso tratado sobre o empreendedorismo social. Na entrevista feita logo após o término do filme, ela afirmou que o trabalho demorou três anos para finalizá-lo. Compêndio de quase 100 minutos com 18 entrevistas diferentes, feitas em diversos países e continentes, Quem Se Importa é um grande conglomerado de pessoas que "arregaçaram as mangas" ao redor do mundo e, no dizer da própria diretora, "pararam de reclamar e resolveram fazer alguma coisa".
Através do filme, somos levados a conhecer mais e melhor Karen Tse, fundadora da ONG International Bridge for Justice, que iniciou seu trabalho de transformação social nos campos de refugiados do Camboja, lutando pela humanização dos direitos das pressoas presas (injustamente ou não), e também pelo fim da tortura ao redor do mundo. Também nos aprofundamos no entendimento do que é microcrédito, através do depoimento do indiano Muhammad Yunus - ganhador do Nobel da Paz - que criou o primeiro banco de microcrédito no mundo, com empréstimos de pequenas quantias e a juros menores, provocando uma grande transformação social no acesso ao crédito em comunidades muito vulneráveis.
No Brasil, ficamos conhecendo - além do Doutores da Alegria - o trabalho de Vera Cordeiro, fundadora do Saúde Criança, organização que provê meios de autosssutentação para famílias com filhos internados sem acesso a uma melhor qualidade vida. Sua ambição de alta assistida é fazer com que a criança (e, consequentemente, sua família) não fiquem à mercê de situações que impeçam a plena recuperação da saúde. A ong que dirige foi considerada a melhor das Américas em 2011.
Outra personalidade notável descrita no filme é o cearense Joaquim Melo, que criou em sua comunidade o Banco Palmas, de economia solidária, que dinamizou a geração de renda no local e criou até uma moeda própria, que é reconhecida até pelo Banco Central.
Narrado em off por Rodrigo Santoro, o filme traz também Eugênio Scannavinio Neto, criador da ong Saúde e Alegria; Rodrigo Baggio, do Comitê para Democratização da Informática (CDI); Wellington Nogueira, do Doutores da Alegria; Bill Drayton, da Ashoka; e Premal Shal, da KIVA, que trabalha com prospecção de microfinanciamentos online, além de outras personalidades.
Mara Mourão, inquirida pelos educadores presentes, fez uma leitura bastante otimista do momento atual. "Para mim, a lição é de que empreendedorismo não se aprende na escola, é como andar de bicicleta", prescreveu Mara, sublinhando assim o caráter meritório de quem resolveu inovar em suas vidas e na vida de outros. "Ao contrário dos anos 80, que foi um período de bastante individualismo, os jovens dessa época (atual) estão mais preocupados com o coletivo", sintetizou.
Fontes:
http://www.quemseimporta.com.br/MaisQueUmFilme.aspx
http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/estante/quem-se-importa-683957.shtml?func=2
http://www1.folha.uol.com.br/empreendedorsocial/1075008-documentario-quem-se-importa-de-mara-mourao-estreia-em-sao-paulo.shtml
http://www.imdb.com/name/nm0610045/

texto e fotos EF





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